sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Emaranhado atemporal

Vagas lembranças de longos abraços
invadem o ciclo estável da concentração
Desejos distantes apontam no cimo
cume nevrálgico da supra-razão

Deslizo no limo incerto
mergulho no lodo secreto
rompo as leis de concreto
vi, vendo você bem mais perto

Tremendo, aumento o momento
vivo, salivo, sedento
solapo camadas de sedimentos
desfaço em pó o cimento

Relevo as cartas e a calma das costas
releio as curvas teu corpo que acorda
relembro de curtas e côncavas covas
retorno das musas paixão boas novas

Respiro teu ar e me atiro
vazio, longe o chão de pisar
repito as rugas, sorriso
teus olhos, lanternas de mar

Meus gestos acusam o verbo que calo
quieto e seguro acerto no alvo
eterno perfume me guia, me salvo
na relva, teu lúmen, eu corpo, te falo.