Tingiram as paredes descascadas
Ocultando o velho que não se disfarça
Impuseram novo em anciã fachada
Iludindo o olho na moderna farsa
Vendendo para pagar o imposto que se taxa
No anseio de encher de níquel e ouro as calças
O lojista ao seu modo a história esculacha
Descambando em vida sem sentido, pobre e falsa
E nas calçadas passa o povo que consome
Carregando em mãos vazias bolsas fúteis pelas alças
Repletas de coisas inúteis, vãs, mas que tem nome
Sísifos erguendo o drama e a dor de sua raça
Bestas abstratas irreais que com olhos sentem fome
Esquecidas do passado, levam vida tão descalça...