De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo?
Enquanto estou pensando?
Por que caminhos seguem,
não os meus tristes passos,
Mas a realidade de eu ter passos comigo?
Às vezes, na penumbra
Do meu quarto, quando eu
Para mim próprio mesmo
Em alma mal existo,
Toma um outro sentido
Em mim o Universo -
É uma nódoa esbatida
De eu ser consciente sobre
Minha idéia das coisas.
Se acenderem as velas
E não houver apenas
A vaga luz de fora -
Não sei que candeeiro
Aceso onde na rua -
Terei foscos desejos
De nunca haver mais nada
No Universo e na Vida
De que o obscuro momento
Que é minha vida agora:
Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
Esquecer-se de ser,
Espaço misterioso
Entre espaços desertos
Cujo sentido é nulo
E sem ser nada a nada.
E assim a hora passa
Metafisicamente.
- Fernando Pessoa -
Áhan!
ResponderExcluirNico! Que beleza de blog. De blog em blog, navegando caio aqui. Bom mesmo saber desse garimpo de imagens e letras.
A virtualidade, por vezes tem estradas mais curtas...
Grande Abraço,
ex-vizinha peri, Nathalia.
Incrível como os passos digitais encontram caminhos que as ruas desencontram, não?
ResponderExcluirQue surpresa te encontrar, Nathalia!
Seja bem vinda ao meu absurdo!