domingo, 5 de julho de 2009

Fotografia do orgânico no sal difundida nos elétrons do metal: Mergulho no imaterial

1968, um mergulho congelado no tempo. Um menino entrega seu corpo ao mar de Itapema, no choque da pele e da água salgada. Momento efêmero de prazer, talvez não mais na memória do menino-hoje-velho, ou finado. A pele enruga-se, e os prazeres desfazem-se nas cicatrizes do tempo. A água, outrora salgada, agora poluição. Do vazio infinito de possibilidades da infância ao infinito vazio da inexistência. Após muitos choques na vida, o corpo não mais choca-se com o mar. A imagem envelhece, o papel mancha, e a vida se apaga. Nem alegrias, nem chagas. Não mais o frio do mar, nem o calor do sol. Esquece-se o momento, o prazer, a imensidão, a liberdade. Esquece-se do tempo, a imagem perde-se num baú, perdido num porão, a pessoa fenece, a lembrança emagrece. No mais, somente pó, cinzas, e solidão.

Porém, sobrevive ao tempo o fragmento da ação, infância intacta, lembrança inexata perdida no binário do silício-difusão. O êxtase do momento passado permeia-se ad infinitum aos olhos do internauta, voyeur do imaterial.

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