Os motoristas, acostumados a dirigirem barcos, ancoram seus carros com todo estardalhaço. Do rio-estrada rompem do braço o leito das calçadas, habituadas a suportarem apenas palhaços, pés descalços e peitos humanas plenas.
Encostados os carros, atracam seus pés na lama. Caminham a passos largos rumo aos seus encargos. Acocoram-se nas sarjetas dos escritórios - escrotos vomitórios de tarjetas comerciales - embrenham-se nas gretas das máquinas em que arvoram-se. Fruto de todos os males, qual óleo invadem o lençol freático aos milhares por segundo, num ritmo frenético, porém moribundo.
Ao cair da tarde evadem-se para suas casas, de nada tornam-se estradas, receptáculo oco pisoteado pelo eco das imagens do santo oráculo - televisão.
Entretando o dia acaba. De estrada, na cama tornam-se espada, heróicos cavaleiros que no gozo a parceira arrasa. Arremessam-se no sono justo que a manhã arremata. Mergulham na cascata de carros-fragata conduzidos por aqueles que ancoram nas calçadas.
De novo tornam-se nada.
13dez8 8am
NICO!
ResponderExcluirfiquei besta com esse achado... 1º) tu encontrou justamente o blog que eu menos (ou nunca) divulgo (e eu não sei a razão de não divulgá-lo) - acho que é porque só relato, nele, sonhos que tive.
2º) com as enchentes em santa catarina, fiquei pensando à beça em ti e na marlei; lembrei que teus pais moram em itajaí... as pessoas daí se comunicam pouco e nada falam a respeito da enchete...
volto aqui com mais calma, pra apreciar os teus textos.
valeu pelo elogio!
abraços