domingo, 23 de novembro de 2008

Alvorada

Alvorada
é um brotar
de cantos de pássaros;
é o renascer das moscas
adormecidas nos fios do varal;
é a dança cambaleante dos
morcegos cegos pela luz
nos céus da cidade;
é um véu de nuvens
que despe o solo
marcando sua pele
com gotas de orvalho;
é o velho
acordando mais cedo a cada dia
por estar cansado de dormir
por não ter mais o que sonhar
ou por ter consciência
de que não pode perder tempo
dormindo seus derradeiros instantes.

A alvorada anuncia
a força planetária
que somente aqueles que estão muito vivos
conseguem perceber.

É o poder da luz solar
que invade todas as entranhas da Terra
até mesmo na escuridão das cavernas
e nas profundezas abissais do oceano.

E é também aquilo que ergue o poeta
de sua cama, inda sonolento
para escrever e ler palavras — não mais suas —
adubadas pelo sol.
30113

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