sábado, 22 de novembro de 2008

Cena

Luz solar oculta
entre as nuvens
na alvorada chuvosa
de quarta-feira,
em meio às árvores
no quintal da quinta
de meu vizinho mouro.

Calmaria total.
minha amante me serve
um copo com água e sal
esperando para ver se
um espírito me ergue
do gramado e me leva
para qualquer outro lugar.

Mas meu corpo amolece
a cada pingo de chuva
que bate em minha testa.

Vestígios de memória
fazem uma festa em minha cabeça,
acredito estar longe à beça de minha casa
quando, na verdade, basta
pular uma cerca baixa.

“Acerca de usted,
están sus aposentos, darling...”
sussurra minha amante.
Pede que eu me levante
e vá deitar na cama;
diz que se tivesse forças,
me levaria no colo.

Mas eu permaneço imóvel
até que, enfim,
dissolvo no solo.

4 e 5123

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