sábado, 31 de janeiro de 2009

Vozes

São vozes o que ouço
vindo com o vento,
ou serão versos
vertendo de túmulos velhos,
cobertos de musgo,
desgastados pelo tempo?
Será eterna a permanência
deste mundo mudo?
Ou haverá alguma sorte
que possa transmutar em vida
esta morte?

Sei que meu santo é forte
(mesmo descrente de crenças
deste porte).
Minha fortaleza está de portas abertas
e não incerteza
que turve meu norte.

Portanto,
não tenho dúvidas
nem temo os deslizes da vida.
É certo, sim,
muito certo,
a dádiva do teu canto
soará por todos os cantos
antes do sol raiar
ainda mais perto
que o meu corpo
todo a vibrar
— como os vidros
estilhaçados da estante
do escritório de finanças.

Finados serão então
os versos mortos
Findos os
gestos toscos e sem cor.

Enfim,
gerações de troncos secos
despojados de seiva
darão espaço para
matas virgens com vasos
repletos de saliva
quente como o atrito
da tua carne em meus dentes.

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